O álcool é uma substância psicoativa que pode causar dependência e diversos problemas à saúde física e mental.
O consumo de álcool é uma prática social amplamente aceita e disponível, disseminada em muitas culturas, sendo associada a momentos de lazer, celebração, socialização e prazer, entretanto, essa permissividade pode levar ao uso irresponsável e ao desenvolvimento de comportamentos de risco, contribuindo para o desenvolvimento de transtornos relacionados ao álcool.
A publicidade e a mídia também exercem uma influência importante na difusão de mensagens positivas sobre o álcool, minimizando ou ignorando seus riscos e danos.
Em termos psicológicos, o consumo excessivo do álcool pode levar ao desenvolvimento de depressão, ansiedade, problemas de memória e cognição, além de aumentar o risco de suicídio. Fisicamente, a dependência pode resultar em doenças hepáticas, cardiovasculares, câncer, neuropatias e outros danos orgânicos. Além disso, a dependência do álcool pode desencadear problemas sociais, como dificuldades no relacionamento interpessoal e no ambiente de trabalho, violência doméstica e acidentes de trânsito.
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID11), os transtornos por uso de álcool são caracterizados por um padrão de consumo que causa prejuízo ou sofrimento significativo ao indivíduo ou aos outros, podendo se manifestar por sintomas como intolerância, abstinência, perda de controle, desejo intenso, uso continuado apesar das consequências negativas, negligência de outras atividades e problemas interpessoais. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), utiliza o termo transtorno por uso de álcool para englobar tanto o uso nocivo quanto a dependência de álcool, classificando-os em leve, moderado ou grave de acordo com o número de critérios presentes.
Pesquisa da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), relata que o consumo de álcool é um fator causal para mais de 200 doenças e lesões, além de ser a principal causa de morte de 85 mil pessoas por ano nas Américas, representando 5,3% de todas as mortes. A organização alerta para a necessidade de implementar políticas eficazes para reduzir o uso nocivo do álcool e seus impactos na saúde pública.
As pesquisas no Brasil, mostram que o álcool é uma das drogas mais consumidas pela população, especialmente entre os jovens. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo IBGE, 26% dos brasileiros com 18 anos ou mais relataram consumo semanal de bebidas alcoólicas, sendo que esse percentual foi maior entre as mulheres (17%) do que entre os homens (12%). E que 17% dos motoristas brasileiros admitiram dirigir após consumir álcool.
O tratamento da dependência do álcool deve ser abordado de forma integral, considerando os aspectos biopsicossociais envolvidos. A psicoterapia e as intervenções medicamentosas podem ser utilizadas para ajudar o indivíduo a enfrentar a dependência. Além disso, redes de apoio, como grupos de ajuda mútua (Alcoólicos Anônimos/AA), desempenham um papel significativo no processo de recuperação, oferecendo suporte emocional e experiências compartilhadas.
Referências
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/29472-impulsionado-pelas-mulheres-consumo-de-alcool-cresce-entre-brasileiros em 2019#:~:text=adulta,maisposemanaem2019. Acesso em 10 de julho de 2023.
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed, 2014.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. ICD-11 Reference Guide. Genebra: OMS, 2019b. https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http://id.who.int/icd/entity/613065957. Acesso em 09 de julho de 2023.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. OPAS. https://www.paho.org/pt/noticias/12-4-2021-cerca-85-mil-mortes-cada-ano-sao-100-atribuidas-ao-consumo-alcool-nas-americas, Acesso em 17 de julho de 2023.