A Importância de Viver o Presente

A arte de viver agora

A vida se manifesta no tempo presente, no agora. O termo “presente” abrange tanto um tempo verbal quanto uma condição de envolvimento com os acontecimentos em curso. A mente, entretanto, tende a permanecer presa a lembranças ou projetada em possibilidades futuras, dificultando o contato com o momento atual. Permanecer atento ao presente está associado à redução de sofrimento psíquico e ao aumento do bem-estar emocional (KABAT-ZINN). A atenção plena permite reconhecer sensações, pensamentos e emoções sem julgamento, promovendo uma presença ativa e consciente (GERMER). Viver o agora exige abandonar o automatismo e observar a realidade tal como ela é. Essa mudança de perspectiva favorece decisões mais conscientes e experiências mais significativas, fortalecendo a conexão com a existência concreta. O presente torna-se, então, um espaço real de transformação e ação.

A mente humana tende à ruminação e à antecipação, movimentos mentais que prejudicam o equilíbrio emocional e enfraquecem a percepção do presente (SIEGEL). O acúmulo de pensamentos sobre experiências passadas ou preocupações futuras fragmenta a atenção e afasta da realidade atual, como já mencionado. A prática do aqui e agora permite a reorganização psíquica e o desenvolvimento de maior clareza nas escolhas cotidianas (SALGADO). A expressão latina carpe diem orienta para o aproveitamento consciente do momento vivido. Não se trata de imprudência, mas de valorização do instante presente como espaço legítimo de existência. Confiar excessivamente no futuro, que é incerto, pode gerar frustração e ansiedade. Já o presente oferece a possibilidade de construção, percepção e ação direta. Aproveitar o dia com lucidez é um exercício contínuo de liberdade e consciência.

Em contextos de instabilidade como crises econômicas, políticas, conflitos e pandemias, torna-se ainda mais necessário desenvolver estratégias de presença consciente. O enfrentamento das adversidades pode ser favorecido por práticas como meditação, psicoterapia e exercícios respiratórios, que promovem foco e autoconhecimento (KRAMER). A atenção ao presente não exige fuga da realidade, mas abertura para percebê-la de forma mais clara e equilibrada. A consciência do agora fortalece a capacidade de lidar com os próprios limites e potenciais. Viver o presente implica aceitar o imprevisível e direcionar a energia vital para ações coerentes e consistentes. Em vez de reações impulsivas, surgem respostas mais ponderadas. O presente, quando vivido com atenção, torna-se o cenário mais estável diante das incertezas inevitáveis do tempo.

Referências:

GERMER, K. R.; SIEGEL, R. D.; FULTON, P. R. Mindfulness e psicoterapia. Porto Alegre: Artmed, 2016.

KABAT-ZINN, J. Viver a catástrofe total: usando a sabedoria do corpo e da mente para enfrentar o estresse, a dor e a doença. São Paulo: Palas Athena, 2021.

KRAMER, G.; SURREY, J. Mindfulness relacional. In: GERMER, K. R. et al. Mindfulness e psicoterapia. Porto Alegre: Artmed, 2016.

SALGADO, J. Presença plena: a arte de viver com atenção e significado. São Paulo: Vozes, 2022.