Impactos do preconceito etário
O etarismo, também conhecido como ageísmo, é uma forma de discriminação que se manifesta por meio de atitudes negativas baseadas na idade, geralmente dirigidas a pessoas idosas. Esse fenômeno pode afetar a autoestima, a saúde mental e a integração social. Segundo Neri, a exclusão por idade reflete crenças culturais que associam envelhecimento à perda de valor e utilidade. Esse estigma interfere não apenas em relações interpessoais, mas também em oportunidades de trabalho, acesso a serviços e participação em atividades sociais. Assim, o etarismo não se resume a uma questão de preconceito isolado, mas a um problema estrutural que precisa ser debatido em diferentes contextos sociais, familiares e institucionais.
Do ponto de vista psicológico, o etarismo contribui para sentimentos de inutilidade e solidão, podendo intensificar quadros de depressão e ansiedade em pessoas idosas. A pesquisa de Couto demonstra que a interiorização de estereótipos negativos pode fazer com que o próprio indivíduo idoso se sinta incapaz de realizar tarefas cotidianas, mesmo quando ainda possui condições funcionais. Isso reforça um ciclo de autolimitação e fragilidade subjetiva. Além disso, a representação social da velhice como sinônimo de dependência é alimentada por discursos midiáticos e práticas institucionais que ignoram a diversidade de experiências do envelhecimento.
Promover uma mudança nesse cenário exige uma abordagem multidimensional, envolvendo políticas públicas, educação e ações de sensibilização. Para Camarano, o reconhecimento da contribuição social e cultural dos idosos é essencial para combater o preconceito etário. Além disso, programas intergeracionais, que aproximam diferentes faixas etárias, mostram-se eficazes na redução de estereótipos, fortalecendo vínculos sociais e ampliando o respeito à diversidade etária (DEBERT). Nesse sentido, combater o etarismo não é apenas proteger os idosos, mas garantir que todas as pessoas possam envelhecer com dignidade, reconhecendo o envelhecimento como uma etapa natural e valiosa do ciclo de vida.
Referências:
CAMARANO, A. A. Envelhecimento da população brasileira: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: IPEA, 2022.
COUTO, B. R. Psicologia social do envelhecimento: estigma, identidade e exclusão. São Paulo: Cortez, 2021.
DEBERT, G. G. A reinvenção da velhice: socialização e processos culturais. Campinas: Editora da Unicamp, 2020.
NERI, A. L. Velhice e sociedade: desafios do século XXI. São Paulo: Editora Atlas, 2023.