Saúde feminina em transição
Inevitavelmente, o climatério faz parte da trajetória biológica feminina, ocorrendo geralmente entre os 45 e 55 anos. Essa fase marca a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo, e é acompanhada por alterações hormonais, metabólicas e emocionais significativas (SOUZA). As mudanças no organismo podem afetar diretamente a qualidade de vida da mulher, refletindo-se também em aspectos cognitivos e psicossociais (SANTOS). Além das transformações físicas, o impacto emocional pode ser intensificado pelas exigências culturais que valorizam a juventude como padrão estético e funcional, levando à redução da autoestima e sentimentos de inadequação (FERREIRA).
Durante o climatério, muitas mulheres relatam sintomas como ondas de calor, insônia, secura vaginal, dor nas relações sexuais, alterações de humor, lapsos de memória, além de desconfortos somáticos (CAMPOS). Esses sintomas variam em intensidade e frequência, sendo mais intensos em algumas mulheres. O acompanhamento ginecológico é essencial para diagnóstico e indicação de tratamentos adequados. Exames clínicos periódicos ajudam na prevenção de comorbidades comuns nesse período, como osteoporose e doenças cardiovasculares. Também é recomendável o envolvimento de outros profissionais da saúde para orientação multidisciplinar, pois o climatério exige uma abordagem integral e respeitando a singularidade de cada mulher (SANTOS).
Além do acompanhamento médico, é essencial o apoio psicológico, que possibilita um espaço de escuta empática e acolhimento emocional (FERREIRA). A psicoterapia pode auxiliar a mulher a lidar com perdas simbólicas e concretas, ressignificar sua identidade e vivenciar essa transição de forma mais leve e consciente. Também é importante o fortalecimento de redes de apoio, como família e amizades, que oferecem suporte afetivo. Práticas de autocuidado, como exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada e momentos de lazer, contribuem para o bem-estar físico e mental. Encarar o climatério como uma etapa natural e transformadora da vida pode promover autonomia, aceitação e reconexão consigo mesma (CAMPOS).
Referências:
CAMPOS, H. de S. Climatério e qualidade de vida: abordagens multidisciplinares. São Paulo: Editora Manole, 2021.
FERREIRA, M. C. Psicologia da mulher: identidade, saúde e subjetividade. Belo Horizonte: Artmed, 2022.
SANTOS, L. R. G. Saúde da mulher no ciclo da vida. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2020.
SOUZA, P. R. Endocrinologia feminina: fundamentos e atualizações. Curitiba: Editora CRV, 2023.