Construindo confiança familiar
Falar sobre sexualidade com os filhos pode gerar desconforto em muitos pais, mas esse diálogo é essencial para o desenvolvimento saudável. Pesquisas indicam que conversar sobre o tema não antecipa a vida sexual, mas fortalece vínculos e promove responsabilidade (HEILBORN). O mais importante é considerar a idade e o grau de amadurecimento da criança ou adolescente, ajustando a linguagem de forma clara e simples. Evitar julgamentos e preconceitos facilita a criação de um ambiente de confiança, permitindo que as perguntas surjam de modo espontâneo. Pais que deixam de abordar o assunto, muitas vezes, reforçam tabus que dificultam a compreensão da sexualidade (MARIOTTO).
Ao dialogar com os filhos, recomenda-se responder apenas ao que for perguntado, sem exagerar nas informações. Recursos como livros infantis, desenhos ou filmes educativos podem servir de apoio para explicar de maneira acessível (RESSEL). O papel dos pais é criar oportunidades para a conversa, seja em momentos cotidianos, seja quando surgem dúvidas espontâneas. Essa abertura promove acolhimento e reduz a sensação de vergonha ou inadequação. É essencial lembrar que a sexualidade faz parte do desenvolvimento humano, sendo construída de forma gradual e significativa (FURLANI).
Na adolescência, novas questões emergem com a puberdade, como mudanças corporais, menstruação e interesse por relacionamentos. Pais podem usar livros, músicas, séries e até notícias como pontos de partida para incentivar a reflexão. Manter um canal de comunicação permanente, ajuda o jovem a sentir que pode confiar em seus cuidadores. Quando há dificuldades ou resistência, contar com profissionais, como psicólogos, pode ser uma alternativa importante para orientar o diálogo e lidar com sentimentos e inseguranças. A psicoterapia contribui para que famílias e adolescentes compreendam melhor seus pensamentos e comportamentos, fortalecendo a construção de relações mais saudáveis (MARIOTTO).
Referências
FURLANI, J. Educação sexual na escola: desafios e possibilidades. São Paulo: Cortez. 2020.
HEILBORN, M. L. Por uma agenda positiva dos direitos sexuais da adolescência. Psicologia Clínica. 2012.
MARIOTTO, R. M. M. Gênero e sexualidade na infância e adolescência: reflexões psicanalíticas. Salvador: Ágalma. 2018.
RESSEL, L. B., JUNGES, C. F., SEHNEM, G. D., & SANFELICE, C. A influência da família na vivência da sexualidade. Revista Brasileira de Enfermagem. 2011.