Ansiedade

Um problema de saúde global

A ansiedade, em sua forma natural, é uma reação a situações de pressão ou incerteza, preparando o indivíduo para enfrentar desafios. Contudo, quando essa sensação se torna persistente e sem motivo aparente, evolui para um quadro patológico que compromete a vida diária. Os sintomas mais comuns incluem preocupação excessiva, nervosismo, estado de alerta constante e manifestações físicas como palpitações, tremores, tensão muscular, sudorese, tontura e formigamento. Essa condição não apenas afeta a saúde mental, mas também diminui a qualidade de vida e a capacidade de realizar tarefas rotineiras.

Globalmente, a ansiedade se destaca como um dos transtornos mentais mais prevalentes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, aproximadamente 301 milhões de pessoas, ou 4% da população mundial, eram afetadas por transtornos de ansiedade. Dados do Global Burden of Disease Study, analisados pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (2025), indicam que, entre 1990 e 2021, a taxa de ansiedade aumentou 18%, com um impacto crescente na vida das pessoas. A pandemia de COVID-19 agravou esse cenário, com estudos mostrando que cerca de 23% dos pacientes recuperados apresentaram sintomas de ansiedade e até 45% desenvolveram distúrbios do sono (SEIGHALI; ABDOLLAHI). No Brasil, em 2023, quase 9% dos adultos relataram sofrer de ansiedade, com uma prevalência maior entre mulheres e jovens (SOUZA; LIMA; BORGES).

O aumento de casos é uma tendência mundial, como já mencionado, especialmente entre os jovens, com um crescimento anual de mais de 11% em novos diagnósticos de transtornos mentais durante e após a pandemia (PSYCHOLOGICAL MEDICINE). Pesquisas no Brasil corroboram essa tendência, apontando que estudantes universitários estão entre os grupos mais vulneráveis, particularmente após longos períodos de isolamento social (PEREIRA; OLIVEIRA; FONSECA). O tratamento padrão para os transtornos de ansiedade combina psicoterapia e, quando necessário, o uso de medicamentos prescritos por um médico. Apesar da existência de abordagens eficazes, a OMS alerta que apenas 27% das pessoas com esses transtornos recebem o tratamento adequado. Diante desse quadro, a busca por ajuda especializada, como psicólogos e médicos, e a ampliação de políticas públicas voltadas para a saúde mental, são passos essenciais para reverter o crescimento da ansiedade e melhorar a qualidade de vida da população.

Referências:

INSTITUTE FOR HEALTH METRICS AND EVALUATION. Tendências na epidemiologia dos transtornos de ansiedade. Seattle: IHME, 2025.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Transtornos de ansiedade: ficha informativa. Genebra: OMS, 2023.

PEREIRA, M. S.; OLIVEIRA, R. F.; FONSECA, T. A. Prevalência de sintomas de ansiedade em universitários brasileiros pós-pandemia: estudo multicêntrico. Revista Brasileira de Saúde Mental, 2024.

PSYCHOLOGICAL MEDICINE. Novos casos de transtornos mentais entre jovens (5-24 anos) durante e após a pandemia. Cambridge: Cambridge University Press, 2025.

SEIGHALI, N.; ABDOLLAHI, A. Prevalência global de ansiedade entre pacientes com síndrome pós-COVID-19: revisão sistemática e meta-análise. BMC Psychiatry, 2024.

SOUZA, E. R.; LIMA, P. A.; BORGES, F. S. Transtornos de ansiedade no Brasil: panorama epidemiológico recente. Cadernos de Saúde Coletiva, 2023.