O Peso Emocional do Fim de Ano

Entre metas e emoções

O encerramento de um ciclo costuma intensificar reflexões sobre o que foi alcançado e o que permaneceu pendente, gerando sobrecarga emocional em muitas pessoas. Estudos recentes demonstram que a avaliação do próprio desempenho pode ativar mecanismos de autocrítica, aumentando a vulnerabilidade ao estresse (CAMPOS). A forma como o futuro é percebido também influencia o estado emocional, onde perspectivas otimistas estão associadas a maior segurança subjetiva, enquanto visões pessimistas tendem a ampliar medo e incerteza (OMS). Esse período pode ser particularmente sensível para indivíduos com transtornos mentais, reforçando a importância de planejar rotinas e estratégias que auxiliem no manejo das emoções, especialmente diante de demandas sociais mais intensas no final de ano.

Durante as festas, o discurso midiático frequentemente exalta alegria contínua e celebrações perfeitas, o que pode alimentar expectativas irreais e pressionar ainda mais quem já enfrenta fragilidades emocionais. Pesquisas mostram que a discrepância entre a experiência pessoal e os padrões sociais idealizados aumenta significativamente sintomas de ansiedade e tristeza (FIOCRUZ). Além disso, dificuldades financeiras, conflitos familiares, luto e solidão podem emergir com maior força nesse período, ampliando o risco de sofrimento psíquico (SILVA; COUTINHO). Reconhecer que é natural não se sentir plenamente feliz em todos os momentos é fundamental para reduzir a autocrítica e promover maior acolhimento emocional.

A intensificação de emoções negativas pode repercutir na saúde mental e física, manifestando irritabilidade, alterações do sono, fadiga, somatizações e perda de apetite. Estudos evidenciam que estratégias de enfrentamento realistas ajudam a reduzir esses impactos, incluindo limitar comparações sociais, valorizar pequenas conquistas e adotar metas flexíveis (CAMPOS). Manter hábitos saudáveis, respeitar limites pessoais e fortalecer vínculos afetivos também contribuem para maior bem-estar no fim do ano (FIOCRUZ). A expressão adequada das emoções, seja em terapia ou em grupos de apoio, auxilia na elaboração do sofrimento emocional. Contudo, quando sintomas se intensificam a ponto de prejudicar a funcionalidade diária, recomenda-se buscar ajuda profissional qualificada para garantir cuidado e segurança.

Referências:

CAMPOS, R. C. Estratégias de enfrentamento e regulação emocional no contexto contemporâneo. Revista Psicologia: Teoria e Prática, 2021.

FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz. Saúde Mental e Impactos Psicossociais Pós-Pandemia: Relatório Técnico 2023. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2023.

OMS – Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial de Saúde Mental 2022: Transformando Saúde Mental para Todos. Genebra: OMS, 2022.

SILVA, J. M.; COUTINHO, M. P. L. Expectativas sociais e sofrimento emocional: impactos em períodos festivos. Revista Psicologia em Estudo, 2021.