A psicose é um transtorno mental complexo que afeta a percepção, o pensamento, a emoção e o comportamento do indivíduo, causando uma perda de contato com a realidade, ou seja, é caracterizada por distorções da realidade, incluindo alucinações, delírios, desorganização do pensamento e alterações emocionais. Esse transtorno pode ser crônico ou episódico, afetando a capacidade de funcionamento pessoal, social e profissional do indivíduo. A experiência de sintomas psicóticos e sua persistência podem ser dolorosamente incapacitantes para os indivíduos que vivenciam esse transtorno mental.
Sigmund Freud tinha uma perspectiva psicodinâmica sobre a psicose. Ele sugeriu que a psicose estava relacionada a um colapso no mecanismo de defesa do ego, resultando em um rompimento com a realidade e em um retorno a estágios primitivos do desenvolvimento psicossexual.
Anthony David, renomado psiquiatra contemporâneo, define a psicose como uma síndrome que envolve uma alteração na percepção, pensamento e afeto, levando a um comprometimento significativo no funcionamento pessoal, social e ocupacional. Ele destaca a presença de sintomas como delírios, alucinações, desorganização do pensamento e sintomas negativos.
Dalgalarrondo (2019) define a psicose como um grupo de transtornos mentais caracterizados por uma ruptura fundamental na relação do indivíduo com a realidade. Segundo ele, a psicose envolve uma perda da capacidade de distinguir o que é real do que é imaginário, resultando em uma distorção significativa da percepção, pensamento, emoção e comportamento.
Os transtornos psicóticos podem ser definidos pela incidência de cinco características principais como: delírios, alucinações, desorganização do pensamento, comportamento motor desorganizado e sintomas negativos. Além disso, os sintomas psicóticos também podem ocorrer por indução de medicamentos, substâncias ou por outras condições médicas.
Existem diferentes subtipos, sendo os mais comuns a esquizofrenia, o transtorno esquizoafetivo e o transtorno delirante. A esquizofrenia é uma das formas mais graves e persistentes, caracterizada por sintomas psicóticos recorrentes, como delírios e alucinações. O transtorno esquizoafetivo apresenta sintomas de esquizofrenia combinados com sintomas de transtorno do humor, como episódios depressivos ou maníacos. Já o transtorno delirante é caracterizado pela presença de um ou mais delírios persistentes, sem outros sintomas psicóticos significativos.
O transtorno psicótico afeta uma parcela significativa da população mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, aproximadamente 1% da população mundial vive com esquizofrenia. Estudos recentes também têm destacado a prevalência do transtorno esquizoafetivo e do transtorno delirante, embora em menor escala.
Pesquisas na área da psicose têm se concentrado na compreensão dos mecanismos neurobiológicos subjacentes, buscando identificar fatores de risco genéticos e ambientais. Estudos de neuroimagem e genômica têm proporcionado avanços significativos na compreensão desses transtornos, permitindo um melhor direcionamento dos tratamentos.
O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo medicamentos, psicoterapia e suporte social. Os antipsicóticos são frequentemente prescritos para reduzir os sintomas psicóticos. Outros medicamentos, como estabilizadores de humor e antidepressivos, podem ser utilizados quando há comorbidades.
Além da farmacoterapia, as intervenções psicoterapêuticas desempenham um papel importante no tratamento, que têm se mostrado eficazes na redução dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Abordagens psicoeducativas, como a terapia familiar, também são importantes para envolver os familiares no tratamento, fornecer apoio emocional e orientação.
Referências:
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Artmed, 2019.
DAVID, A. S. Consciência da doença na esquizofrenia e transtornos relacionados. Oxford University Press, 2010.
FREUD, S. O Ego e o Id. The Ego and the Id. Edição Standard, vol. XIX. Hogarth Press, 1923.
NORRISON, A. P., PYLE, M., & FREEMAN, D. Terapia Cognitiva para Pessoas com Psicose: Um Guia para Melhorar o Engajamento, Compreensão e Estratégias de Enfrentamento. John Wiley & Sons, 2019.
ORGANIZÇÃO MUNDIAL da SAÚDE. OMS. Relatório Mundial de Saúde Mental: transformando a saúde mental para todos. Genebra, 2022.