Junho: Mês de Conscientização dos Transtornos Alimentares

 

 

 

O Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares, 2 de junho, remete a um tema de extrema relevância e que merece atenção. Os transtornos alimentares estão relacionados às condições psicológicas complexas que afetam milhões de pessoas em todo o mundo e podem ter consequências graves para a saúde física e mental.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais em sua 5ª edição (DSM-5), define os transtornos alimentares como condições caracterizadas por perturbações graves na alimentação e no comportamento alimentar. Esses transtornos envolvem preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, restrição alimentar severa, episódios de compulsão alimentar ou comportamentos compensatórios inadequados. Podem acarretar prejuízos físicos, emocionais e sociais significativos, como já mencionado.

De acordo com Dalgalarrondo (2019), os transtornos alimentares são multifatoriais, envolvendo influências biológicas, genéticas, psicológicas, sociais e culturais. A mídia e a pressão social pela magreza são frequentemente apontadas como fatores desencadeantes e de manutenção dessas condições. Outro autor, Christopher Fairburn (2011), enfatiza a importância dos aspectos cognitivos e emocionais na perpetuação dos transtornos alimentares, destacando a presença de crenças distorcidas sobre o corpo e a alimentação, bem como dificuldades emocionais e baixa autoestima.

Um dos principais transtornos alimentares é a anorexia nervosa, em que a pessoa restringe drasticamente a ingestão de alimentos, levando a um emagrecimento severo e distorção da imagem corporal. A anorexia pode levar à desnutrição, à amenorreia, à osteoporose e à arritmia cardíaca. A bulimia nervosa, por sua vez, é marcada por episódios de compulsão alimentar em curto espaço de tempo, seguidos de comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos provocados ou uso abusivo de laxantes. A pessoa com episódio bulímico sente culpa, vergonha e perda de controle sobre a alimentação. A bulimia pode causar desidratação, inflamação na garganta, cáries dentárias e úlceras gástricas. Outro transtorno alimentar inclui a compulsão alimentar que é definido pela ingestão de alimentos em quantidade superior à normal em um curto espaço de tempo, sem a adoção de comportamentos compensatórios. A pessoa come mesmo sem fome, até se sentir desconfortável, e tem sentimentos de angústia, tristeza e baixa autoestima. O transtorno pode levar à obesidade, ao diabetes, à hipertensão e ao colesterol alto.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que os transtornos alimentares constituem um problema de saúde pública global que afetam cerca de 70 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que 4% da população sofra de algum tipo de transtorno alimentar. Esse transtorno vem aumentando sua prevalência, especialmente entre adolescentes e mulheres jovens. A OMS destaca ainda a necessidade de intervenções eficazes no tratamento e na prevenção dos transtornos alimentares, envolvendo uma abordagem multidisciplinar que incluam cuidados médicos, nutricionais e psicoterapêuticos.

A abordagem multidisciplinar no tratamento dos transtornos alimentares envolve a colaboração de diferentes profissionais de saúde, cada um com seu campo de atuação específico. Além do apoio médico e nutricional, a psicoterapia é uma parte fundamental desse processo de recuperação. A psicoterapia desempenha um papel crucial ao abordar as causas subjacentes dos transtornos alimentares, explorar as emoções associadas à alimentação, melhorar a autoimagem e promover estratégias de enfrentamento saudáveis. O terapeuta trabalha em conjunto com o indivíduo para desenvolver um plano terapêutico personalizado, fornecendo suporte, encorajamento e orientação ao longo do tratamento.

É importante ressaltar que o tratamento deve ser individualizado, levando em consideração as necessidades específicas de cada pessoa. A duração e a intensidade do tratamento variam de acordo com a gravidade do transtorno e a resposta individual ao mesmo.

 

 

Referências:

COPETTI, A. V. S.; QUIROGA, C. V. A influência da mídia nos transtornos alimentares e na autoimagem em adolescentes. Revista de Psicologia da Imed, Porto Alegre, 2018.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Editora: Artmed, 2019.

FAIRBURN C. G., ZAFRA COOPER, ROZ SHAFRAN. Terapia Cognitivo-Comportamental para Transtornos Alimentares. Editora: Artmed, 2011.

MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed, 2014.