Transtorno do Espectro Autista (TEA), popularmente conhecido como autismo. O termo “espectro” foi inserido ao nome do transtorno autista no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), por conta da diversidade de sintomas e níveis que as pessoas apresentam. Cada indivíduo com o transtorno tem seu próprio conjunto de manifestações, tornando-o único dentro do espectro. Algumas pessoas vivem de forma independente, enquanto outras têm graves incapacidades e necessitam de cuidados e apoio ao longo da vida.
O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento, caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades (GARCIA,2011). Ele tem início nos primeiros anos da infância e persiste na adolescência e vida adulta.
Alguns sinais e sintomas comuns do Transtorno do Espectro Autista são: atraso anormal na fala, não fazer contato visual por mais de dois segundos, não responder quando for chamado, demonstrar desinteresse com as pessoas e objetos ao redor, ter dificuldades em participar de atividades e brincadeiras em grupo, não conseguir interpretar gestos e expressões faciais, ter dificuldade para combinar palavras em frases ou repetir a mesma frase ou palavra com frequência, apresentar falta de filtro social, ter seletividade em relação a cheiro, sabor e textura de alimentos, apresentar movimentos repetitivos e incomuns, como balançar o corpo para frente e para trás, bater as mãos, girar em torno de si, pular de forma repentina, reorganizar objetos em fileiras ou em cores, dentre outros. Além de manifestar acessos de raiva, hiperatividade, passividade, déficit de atenção, dificuldades para lidar com ruídos, aumento ou redução na resposta à dor e a temperatura.
A causa específica do transtorno ainda está sob investigação, tendo prevalência maior no sexo masculino. Evidências científicas apontam que não há uma causa única, mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais. Teorias apontam para a correlação entre o TEA e a exposição a agentes químicos, deficiência de vitamina D e ácido fólico, infecções e uso de substâncias durante a gestação e prematuridade, correspondendo ao período abaixo das 35 semanas gestacionais.
De acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), uma em cada 160 crianças são diagnosticas com TEA. O aumento considerável de número de casos, pode ser explicado pelo aprimoramento do diagnóstico.
O diagnóstico é fundamentado em observações clínicas diretas do comportamento e de relatos de cuidadores. Mesmo que as manifestações do TEA sejam variáveis após o nascimento, os sintomas estão presentes antes dos três anos de idade. A identificação precoce dos sinais, dão oportunidade a intervenção para melhora na qualidade de vida e do quadro clínico, suavização dos sintomas, e ganhos significativos no funcionamento cognitivo e adaptativo da criança devido a plasticidade cerebral (SEIZE,2017).
O tratamento para o transtorno do espectro autista é feito de maneira multidisciplinar, com o auxílio de profissionais da saúde como psicólogos, médicos, fisioterapeutas, pedagogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, dentre outros. A psicoterapia tem o objetivo de estimular comportamentos sociais, reforçar a necessidade de concluir afazeres diários e minimizar os comportamentos disfuncionais.
Referências:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5-TR. 5.ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2023.
GARCIA, M. L; LAMPREIA, C. Limites e possibilidades da identificação de risco de autismo no primeiro ano de vida. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, 2011.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). https://www.paho.org/pt/topicos/transtorno-do-espectro-autista. Acesso em: abril de 2023.
SEIZE, M. M.; BORSA, J. C. Instrumentos para Rastreamento de Sinais Precoces do Autismo: Revisão Sistemática. Psico-USF, Itatiba, 2017.