“Não se nasce mulher, torna-se mulher”, disse Simone de Beauvoir. O significado desta frase é que a mulher não tem um destino natural ou biológico. Ser mulher, vai além do gênero de nascimento. Ser mulher sempre foi um grande desafio, embora muitas vezes ela seja enaltecida em poemas de beleza e de amor.
Ao longo dos anos, a mulher, era vista apenas como organismo capaz de dar continuidade à espécie humana, o que gerou lutas na busca por reconhecimento, respeito, direitos e justiça, em meio a preconceitos e injustiças sociais de diversas ordens.
Em meados do século XIX, o homem tinha controle sobre a mulher, como se ela fosse sua propriedade, com autonomia para ditar regras e tomar decisões, enquanto a mulher era vista como reprodutora e cuidadora do lar. Até o início do século XX, o voto, em quase todos os países, era um direito exclusivamente masculino.
A revolução feminina iniciou nos anos de 1950 e 1960 e continua acontecendo até hoje, mesmo assim, ainda vivemos em uma sociedade em que a mulher tem muito a conquistar.
O Dia Internacional da Mulher foi oficialmente criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1977. No entanto, o dia 8 de março já era utilizado por movimentos femininos como uma data para celebrar a luta pelos direitos das mulheres desde o início do século XX. Dois eventos foram marcantes e determinantes para a oficialização da data, sendo eles o incêndio na fábrica de roupas Triangle Shirtwaist, em Nova York, em 1911, foi uma tragédia que revelou as terríveis condições de trabalho a que as mulheres eram submetidas. Outro evento histórico foi a marcha das mulheres russas por pão e paz em 1917 que iniciou uma revolução de efeitos globais.
No dia 6 de março de 2023, em Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou ao abrir a reunião de comissão das Nações Unidas sobre situação da mulher, que serão necessários 300 anos para alcançar a igualdade de gênero. Para o chefe das Nações Unidas, é preciso fazer frente ao patriarcado.
O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Em comparação com países desenvolvidos, aqui se mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido, 24 vezes mais que a Dinamarca e 16 vezes mais que o Japão ou Escócia (CUNHA, 2020).
Diante disso, é lamentável verificar que em pleno século XXI, os casos de desigualdade de gênero, desigualdade salarial, submissão, violência e vários tipos de maus-tratos contra as mulheres, são assuntos corriqueiros e por vezes banalizados em todo o mundo. Daí a importância da informação e da busca pelos direitos quando forem negligenciados ou aviltados.
Mesmo diante de um cenário tão assustador, é inegável que muita coisa mudou e direitos foram conquistados, a mulher passou a ocupar diferentes lugares e desempenhar diferentes funções, trabalhando, estudando, votando, cuidando de si, da família, permeada por uma multiplicidade de papéis, o que pode ser um fator gerador de estresse. Quando isso ocorrer, o profissional de psicologia ajudará no autoconhecimento, buscando uma melhor qualidade de vida, para o enfrentamento das dificuldades e alegrias de ser mulher.
Referências:
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
CUNHA, Carolina. Feminicídio – Brasil é o 5º país em morte violenta de mulheres no mundo. UOL, São Paulo, 2020.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) Estatuto da Mulher, CSW, https://news.un.org/pt/story/2023/03/1810897. Acesso em março de 2023.