Em nossa sociedade contemporânea ocidental, a morte é considerada um tabu (Kovács,2012), sendo um assunto socialmente evitado, por causar inquietações e sentimentos adversos. O processo de luto sempre foi assunto complexo, visto que envolve diversas configurações e vivências singulares, bem como aspectos culturais, religiosos, filosóficos, científicos, contextuais e temporais.
Embora o luto esteja associado a situação da perda de uma pessoa, seu conceito é bem amplo, ocorrendo também em situações da perda de algo que é importante, podendo incluir emprego, relações afetivas, objetos materiais, planos de vida etc. O luto pode envolver manifestações específicas, como sensações físicas, mudanças no humor e na forma de pensar.
O luto é pessoal quando sentido por uma pessoa, ou seja, quando ela perde um ente querido ou termina uma relação, por exemplo. O luto é considerado coletivo quando acomete comunidades em tempos de guerra, pandemia ou quando alguma figura pública falece, como recentemente o luto coletivo vivenciado no Reino Unido em decorrência da morte da rainha Elizabeth II.
Cabe lembrar que não são só os adultos que passam pelo luto, mas também crianças e adolescentes, sendo importante o acompanhamento atento a ambos. É muito perigoso reprimir sentimentos na tentativa de parecer forte ou de mascarar o luto. Apesar de existirem sinais comuns na vivência do luto, cada pessoa sente de forma única e precisa do seu próprio tempo para lidar com suas emoções.
Talvez seja necessário para que o enlutado supere essa barreira, o apoio de um profissional especializado, como o psicólogo e psiquiatra, para que finalmente consiga elaborar e ressignificar a dor e todo o vazio, dando seguimento sua vida.
Referências:
Kovács, M. J. Educadores e a morte. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, 2012.
Franco, M. H. P. (Org.). A intervenção psicológica em emergências: fundamentos para a prática. São Paulo, SP: Summus, 2015.